História da arte


História da Arte                                                               
1. Neoclassicismo

1.1.         Contexto histórico-social

            O Neoclassicismo é, basicamente, o reviver dos ideais de beleza da antiguidade clássica, que surge em meados do séc. XVIII, em Itália, em oposição ao excesso do Barroco e do Rococó, contrapondo princípios de simplicidade, simetria, racionalidade e austeridade. Neste período reúnem-se situações propiciadoras para o aparecimento deste movimento, sendo estas:
                        - Filosóficas à este período está muito condicionado pelo iluminismo, historicismo e racionalismo (ser racional é respeitar princípios como a simplicidade, é ser pragmático e focar o essencial – ser simples)
                        - Históricas/Sociais/Económicas à A origem deste movimento tem muito a ver com as Revoluções dadas em diferentes locais – a revolução francesa, a revolução americana, e essencialmente a Revolução Industrial. A Revolução Francesa transformou a sociedade ao instalar a burguesia, que vai ter como consequência a redistribuição da riqueza, e ao defender a igualdade das classes e o direito à liberdade. Na Revolução americana, procurou-se a independência dos britânicos, e deu-se a libertação do jugo colonial. Finalmente, a Revolução Industrial permitiu o progresso, o aparecimento de cidades, a melhoria dos transportes, a criação de fábricas, ou seja, a transformação da sociedade. Aliada à melhoria dos transportes está a invenção de novos meios de locomoção. Desta forma, as pessoas têm a possibilidade viajar muito, e ver por eles próprios os achados arqueológicos que vão ser muito importantes na génese deste movimento, que tem por base a procura pela perfeição da antiguidade. Estes achados são resultantes dos saques das invasões napoleónicas no norte de África (arte de muita sobriedade) e também da descoberta das ruínas de Herculano e Pompeia (Itália), acontecimentos que vêm lembrar a cultura antiga e surge por esta um interesse desmesurado. É nesta altura que surgem as primeiras escolas de Belas-Artes.

         Dois nomes importantes
            Os teorizadores deste movimento são Winckelmann e Mengs, que escreveram livros e tratados sobre a arte clássica, que se tornaram manuais de estudo para as academias e contribuíram para a rápida difusão do neoclassicismo.


 1.2. Arquitectura

            O Neoclassicismo é uma arte ambientada pela razão na arquitectura.
            Inspirou-se na antiguidade clássica, por influência da observação directa dos edifícios originais, para os quais se voltavam todas as atenções, em virtude das grandes escavações arqueológicas (de Herculano e Pompeia). Adoptaram os valores estéticos do classicismo, nos princípios de composição (ordem jónica, dórica e coríntia), nas tipologias, nos elementos arquitectónicos e artísticos gregos e romanos: a racionalidade, simetria, o frontão triangular, pórticos e abóbadas. Este movimento propôs ainda, dado a sua condicionante racional, alguns outros princípios, como de proporção, ortogonalidade, monumentalidade, utilizando linhas direitas em edifícios feitos essencialmente em pedra, onde a decoração praticamente não existia (a que existia era a nível dos frontões, em baixos-relevos).
            Surgem novos edifícios para responder a novas necessidades, derivadas de uma grande transformação social, como tribunais, prisões, escolas, teatros...
            O primeiro edifício neoclássico é a Igreja de Santa Genoveva, em França, de Jacques-Germain Soufflot.

1.3. Pintura

            A nível da pintura neoclássica é importante salientar as suas características técnicas e as temáticas abordadas.
            A temática da pintura deste movimento é, quase sempre, a mitologia, as alegorias, a história, o heroísmo e o retrato.
            A pintura neoclássica que apela também à razão, caracterizou-se pelo desenho rigoroso, tendo a linha uma grande importância em detrimento da cor (cores escuras e sombrias – castanhos, ocres – há ausência de modelação cromática), pela busca da perfeição estética, pelo tratamento elaborado da luz (claros/escuros), e pelo princípio da estaticidade.

            Dos artistas que cultivaram o neoclassicismo pictórico destacam-se David, Ingres e Gros.

1.4. Escultura

            A escultura neoclássica notabilizou-se pela utilização do mármore, que por ser branco se adapta à ideia de pureza, em obras de perfeição extrema, com grande rigor.   Segue, tal como a pintura, princípios de proporção e estaticismo, e imitam as estátuas gregas, pelas formas serenas que transmitem calma, serenidade, frieza e austeridade.

            De entre os artistas deste tempo salienta-se António Canova e o Thorvaldsen.


Focos de irradiação do Neoclassicismo – Londres, Paris e Roma

 1.5. Neoclassicismo português – Pombalismo

            Devido ao terramoto de 1755, desencadeou-se uma necessidade de reconstrução rápida da cidade de Lisboa, e por isto mesmo, o novo modelo arquitectónico é despojado de qualquer tipo de decoração.
            Marquês fez-se rodear de arquitectos portugueses, como José da Costa e Silva, que tinha sido bolseiro em Roma, e também de arquitectos italianos, como Fabri, que bebem toda a cultura neoclássica, daí que se veja o reflexo de uma grande influência italiana: é construída uma cidade horizontal, e matemática (onde, por exemplo, todas as ruas dão ao rio Tejo), que permitia praças quadradas, espaços grandes e monumentais.
            Monumentos mais grandiosos – Palácio da Ajuda e Teatro Nacional D. Maria II.

            A norte, pelas facilidades de vida, instalou-se uma colónia de ingleses que se dedicavam ao comércio e exportação do vinho do porto, que lhes permitia a detenção de grandes fortunas. Começam a construir edifícios com novas formas, surgem novas tipologias porque é necessário criar estruturas para os ingleses, como escolas e cemitérios, realizadas por arquitectos ingleses, que iam buscar influência do Neopalladianismo. Surge então uma cidade completamente diferente de Lisboa, pela construção de edifícios neoclássicos distintos na harmonia (nas linhas mais genéricas).
            Monumento mais grandioso – Hospital de Santo António



 2. Romantismo

2.1. Bases do movimento

            O romantismo é um movimento orientado mais pelo sentimento, pelo interior - sentimentalismo, do que pelo que é ditado pela razão (é anti-racionalista) – é o tempo das sensações, pois esta arte deseja provocar essas mesmas sensações e motivar estados de espírito.
            É um estilo que se contrapõe ao neoclassicismo - com este movimento dá-se a primeira ruptura com o passado clássico - , mas é, tal como este, também virado para o passado, embora concentre a sua atenção na Idade Média – inspiração passadista.
            O Romantismo defendeu a interioridade, o individualismo e os ideais liberalistas – foi uma arte livre.

2.2. Arquitectura – revivalista e historicista

            Uma vez que se desenvolve mais tarde, já assistiu também à Revolução Industrial, daí que possam ser utilizados os novos processos tecnológicos em outros materiais, o ferro e o vidro. No entanto, os arquitectos utilizam apenas a pedra, recusando os outros materiais pela falta de nobreza.
            Os arquitectos abandonam o rigor simplista – irregularidade na estrutura a nível espacial e volumétrico (fachadas irregulares, destrói-se a noção de simetria).
            Imitam a arquitectura gótica, não nos aspectos técnicos, mas a nível da aparência, por exemplo, nas janelas em ogiva, dando origem ao Neogótico. De uma forma geral, os edifícios apresentavam uma mistura de todos os estilos – o ecletismo, inspirando-se em modelos de civilizações exóticas (a decoração é exótica), como Bizâncio, dando origem a diversos novos estilos como o Neobizantino, neo-árabe, neo-hindú, etc.

2.3. Pintura

            Não podemos dizer que haja pintura em termos temáticos, porque os temas diferem bastante de local em local. Tendo sempre por base a Idade Média, as temáticas mais presentes são: acontecimentos trágicos, o heroísmo, a natureza (que surge pela primeira vez na historia como tema, personificada porque pretende transmitir sentimentos), o exótico e retrato.
            Em Inglaterra, a temática é a natureza, porque os ideais de liberdade levam a um desejo de fugir de espaços fechados para o campo. É-nos apresentada por Constable (canas campestres) e por Turner (paisagens marítimas)
            Em França, os ideais de liberdade eram as temáticas mais privilegiadas. Os artistas mais importantes foram Delacroix e Gericault, que pintavam esses ideais, temas heróicos, como os heróis da pátria francesa, e também animais, em movimento.
            Na Alemanha, representada por Fussli e Friedrich, os temas eram o exotismo, o sonho, o fantástico.
            A nível das técnicas é importante salientar que, agora, a cor prevalece sobre o desenho, há mais intensidade cromática, há falta de exactidão pela mancha de cor, há intensos contrastes, a pincelada é larga, desenha-se com o pincel, e as linhas criadas, sinuosas, reforçam as temáticas heróicas e dramáticas escolhidas.